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O Mito da Bateria Magnética e os Riscos das Fake News na Engenharia Elétrica

maxwell

A propagação de desinformação na engenharia pode gerar receios infundados e prejudicar o desenvolvimento de soluções seguras e eficientes. Um exemplo recente é o mito da “bateria magnética” em elevadores, uma ideia sem qualquer embasamento científico. A divulgação de informações técnicas deve ser feita por profissionais devidamente habilitados, como engenheiros(as), conforme o Art. 7° ‘c’ da Lei 5194/1966, que estabelece a competência desses profissionais para a prática e a divulgação técnica. Isso é crucial porque a engenharia elétrica, assim como todas as áreas da engenharia, envolve riscos potenciais à sociedade quando exercida por leigos ou quando ocorre má conduta profissional.

A instalação de uma bateria em um elevador não gera um “campo magnético de bateria”; esse conceito simplesmente não existe. A existência de um campo magnético depende da movimentação de cargas elétricas (corrente elétrica de condução) ou da variação de um campo elétrico no tempo (corrente elétrica de deslocamento). Esses fenômenos são descritos pelas Equações de Maxwell, formuladas pelo físico e matemático escocês James Clerk Maxwell (1831–1879). Seu trabalho unificou a eletricidade e o magnetismo, estabelecendo as bases para a teoria moderna do eletromagnetismo e possibilitando avanços como rádio, radar e telecomunicações.

As Equações de Maxwell sintetizam as leis do eletromagnetismo de Faraday, Ampère e Gauss, descrevendo completamente os campos elétrico e magnético. Uma das principais contribuições de Maxwell foi a inclusão da corrente de deslocamento na Lei de Ampère, o que levou à previsão das ondas eletromagnéticas. A Lei de Faraday-Lenz estabelece que a taxa de variação de um campo magnético no tempo gera um campo elétrico rotacional, induzindo tensão em um circuito fechado, sempre em sentido oposto à variação do campo magnético que a criou. Esse é o princípio básico do funcionamento dos transformadores e geradores elétricos. A Lei de Ampère-Maxwell, por sua vez, descreve que um campo magnético pode ser gerado tanto por uma corrente elétrica quanto pela taxa de variação de um campo elétrico no tempo. A taxa de variação da densidade de fluxo elétrico é conhecida como corrente de deslocamento, e esta foi a grande contribuição de Maxwell, pois permitiu a previsão das ondas eletromagnéticas.

A Lei de Gauss da Eletricidade afirma que a presença de cargas elétricas cria campos elétricos que se afastam das cargas positivas e se aproximam das cargas negativas. Essa lei também confirma a existência de monopolos elétricos. Entretanto  a Lei de Gauss do Magnetismo estabelece que não existem monopolos magnéticos, ou seja, os polos magnéticos sempre aparecem em pares (norte e sul). Diferentemente das cargas elétricas, que podem existir isoladamente, os polos magnéticos não podem ser separados.

Com base nessas equações, é possível tirar algumas conclusões importantes. A taxa de variação do campo magnético induz tensão elétrica em sentido oposto ao campo magnético que a criou. A corrente elétrica produz campo magnético. Existem monopolos elétricos, mas não existem monopolos magnéticos. Portanto, a ideia de que uma simples bateria instalada em um elevador possa gerar um campo magnético significativo é completamente infundada. Baterias armazenam energia química e fornecem tensão elétrica quando necessário, mas, sem circulação de corrente elétrica (de condução ou de deslocamento), não há campo magnético gerado. Mesmo quando uma bateria alimenta um circuito, o campo magnético gerado depende da corrente elétrica fluindo nesse circuito, e não da presença da bateria em si.

A disseminação de desinformação na engenharia evidencia a importância da divulgação técnica responsável. Quando conceitos equivocados se espalham, eles podem influenciar decisões técnicas erradas, comprometendo a segurança de equipamentos e pessoas. O combate às Fake News na engenharia elétrica deve ser um compromisso constante dos profissionais da área, garantindo que a sociedade tenha acesso a informações corretas e cientificamente embasadas. A responsabilidade técnica na divulgação de temas da engenharia elétrica é essencial para evitar alarmismos infundados e garantir que as discussões sobre tecnologia e segurança sejam fundamentadas em conhecimento sólido e verificável.

Assim, conscientizar a sociedade sobre o papel da engenharia e a necessidade de embasamento técnico adequado é fundamental para evitar que mitos como o da “bateria magnética” se espalhem e gerem confusão desnecessária. Apenas com conhecimento rigoroso e comunicação responsável podemos garantir que decisões técnicas sejam tomadas com segurança e precisão.

Fontes:

[1] https://www.instagram.com/reel/DHRJpGCR3jq/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==

[2] A bateria de bicicleta elétrica pode causar explosão no elevador através de campo magnético?, disponível em https://seteservic.com.br/a-bateria-de-bicicleta-eletrica-pode-causar-explosao-no-elevador-atraves-de-campo-magnetico/

[3] WENTWORTH, STUART. Fundamentos de Eletromagnetismo com Aplicações em Engenharia.1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006.

[4]Hayt Jr., William H. Hayt, Buck, John A. Engineering Electromagnetics. Mc-Graw-Hill, 2006.

[5] BALANIS, Constantine A. Advanced Engineering Electromagnetics. 10. ed.Nova Jersey. John Wiley& Sons, 1989.

[6] REITZ, John R. , MILFORD, Frederick J., CHRISTY, Robert W. Fundamentos da Teoria Eletromagnética. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1982.

[7] Por que as equações de Maxwell são tão importantes e o que elas realmente significam?, disponível em https://universoracionalista.org/por-que-as-equacoes-de-maxwell-sao-tao-importantes-e-o-que-elas-realmente-significam/

 

Figura 1- Equações de Maxwell [7]

Semicondutores, IA e Telecom: O Novo Horizonte para a Indústria Brasileira

semicondutores

A engenharia desempenha um papel fundamental na sociedade, ainda que muitas vezes passe despercebida.

A engenharia desempenha um papel fundamental na sociedade, ainda que muitas vezes passe despercebida. Sua presença é essencial em praticamente todos os aspectos da vida cotidiana. Desde a agricultura de precisão, que otimiza recursos naturais, até os sistemas de automação elétrica que garantem a distribuição eficiente de energia, os semicondutores estão no centro dessas inovações. A própria internet, que conecta e sustenta grande parte da vida moderna, depende desses componentes. No entanto, ao se discutir tecnologia e chips, frequentemente se ignora a importância da engenharia eletrônica e de computação, como se essas áreas não existissem. A engenharia vai muito além da construção civil; está presente nos alimentos que consumimos, na eletricidade que ilumina nossas casas, na conectividade digital e nos avanços biomédicos.

O Brasil possui mais de 300 títulos de engenharia registrados no Sistema CONFEA/CREA, incluindo engenheiros em eletrônica e de computação, cujas contribuições são essenciais, mas ainda pouco reconhecidas. A indústria de semicondutores é crucial para o avanço tecnológico global, impactando diretamente setores estratégicos como inteligência artificial (IA) e telecomunicações. Iniciativas recentes indicam um movimento promissor para fortalecer a produção nacional de chips, consolidando o Brasil como um player relevante nesse mercado altamente competitivo. Para que o país tenha sucesso, é imprescindível investir na formação de engenheiros(as) especializados(as) nessas áreas.

A recente guerra dos chips entre Estados Unidos e China, intensificada por sanções e tensões geopolíticas, reconfigurou a cadeia global de semicondutores. Muitas empresas chinesas estão transferindo suas operações para data centers no exterior para contornar as restrições impostas pelos EUA. Esse cenário abre uma oportunidade para o Brasil se posicionar como um hub estratégico na produção de semicondutores, atraindo investimentos e diversificando a cadeia produtiva global. O anúncio de investimentos no setor, como os R$ 650 milhões da Unitec Semicondutores para expansão da produção e exportação de chips, demonstra o potencial do Brasil nesse mercado. Além disso, a assinatura do termo de engajamento entre o InvestRS e uma empresa do setor reforça o compromisso do Rio Grande do Sul em atrair investimentos e fomentar o desenvolvimento tecnológico. Essas iniciativas são fundamentais para reduzir a dependência externa de semicondutores, essenciais para dispositivos eletrônicos, telecomunicações e aplicações avançadas em IA. A escassez global de chips nos últimos anos evidenciou a necessidade de cadeias produtivas locais robustas e diversificadas.

A pandemia de Covid-19 desorganizou profundamente a cadeia produtiva global de semicondutores. O fechamento de fábricas, a redução da capacidade produtiva e desafios logísticos resultaram em uma escassez significativa de chips, afetando diversas indústrias, incluindo a automotiva. A falta desses componentes levou à interrupção na produção de veículos, atrasos na entrega de eletrônicos e aumento no preço de componentes essenciais. Segundo a CNN, em 6 de janeiro de 2023, a Anfavea informou que 250 mil veículos deixaram de ser produzidos no ano anterior devido à escassez de semicondutores. Esse cenário reforçou a necessidade de diversificação e fortalecimento das cadeias produtivas regionais. Países e empresas começaram a investir mais em autonomia na fabricação de semicondutores, reduzindo a dependência de fornecedores externos. No Brasil, esse contexto impulsionou iniciativas para atrair investimentos e desenvolver fábricas locais, garantindo maior resiliência frente a futuras crises globais.

O projeto e a fabricação de equipamentos eletrônicos exigem conhecimento técnico especializado, sendo essa uma atribuição exclusiva dos engenheiros em  eletrônica e de computação. Esses profissionais são responsáveis pelo desenvolvimento de semicondutores, circuitos integrados e outros componentes eletrônicos, conforme estabelecido na Lei Federal nº 5.194/1966 e nas Resoluções CONFEA nº 218/1973 e nº 380/1993. Projetar um equipamento eletrônico envolve a representação gráfica e escrita necessária à materialização do produto, com base em princípios técnicos e científicos. Já a fabricação consiste na execução do serviço técnico que transforma matérias-primas em produtos acabados, conforme disposto na Resolução CONFEA nº 1.073/2016. Garantir que esses processos sejam conduzidos por profissionais habilitados é essencial para assegurar qualidade, segurança e inovação na indústria de semicondutores, um setor crítico para o avanço da IA e telecomunicações no Brasil.

Diante desse cenário, o Governo Federal lançou a Nova Indústria Brasil, uma política industrial voltada à reestruturação do desenvolvimento industrial do país. Sob a liderança do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a iniciativa busca fomentar a inovação e a sustentabilidade no setor. Entre as medidas, destaca-se a retomada do “Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores” (PADIS), criado em 2007, que oferece incentivos fiscais para a produção de chips e displays de LCD e plasma. Além disso, o governo implementou a isenção de quatro tributos na produção de semicondutores e placas solares, essenciais para o setor fotovoltaico. Outra medida significativa foi a reinstalação do Conselho Nacional do Desenvolvimento Industrial (CNDI), órgão responsável por debater propostas de políticas industriais com a cadeia produtiva e a sociedade civil.

O Brasil também se empenha na transformação digital da indústria. A Missão 4: Transformação Digital da Indústria, proposta pelo governo, visa aumentar a produtividade empresarial por meio da digitalização e da incorporação de tecnologias emergentes, como IA e semicondutores. Atualmente, apenas 23,5% das empresas industriais estão digitalizadas, o que evidencia o grande potencial de crescimento. Para alcançar esses objetivos, é necessário fortalecer a capacitação em TICs e semicondutores, fomentar a colaboração entre governo, institutos de ciência e tecnologia (ICTs) e empresas, além de expandir o uso de plataformas digitais nacionais. O Brasil busca minimizar sua dependência de soluções importadas, investindo na modernização da infraestrutura e incentivando a inovação no setor de TICs.

Entre as estratégias adotadas, destacam-se a implementação do Novo PADIS, a depreciação acelerada e a retomada do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (CEITEC). A Missão 4 tem como objetivos específicos fortalecer empresas nacionais em tecnologias digitais emergentes, reduzir a dependência de produtos micro e nanoeletrônicos, aumentar a participação de empresas nacionais em plataformas digitais e promover a atualização tecnológica das regiões industriais maduras. Esses esforços refletem a busca por uma indústria mais competitiva, autossuficiente e integrada às novas realidades tecnológicas globais, promovendo a autonomia e a sustentabilidade da economia nacional.

Em um mundo cada vez mais dependente da tecnologia e da inovação, a engenharia eletrônica e de computação se consolidam como peças-chave para o desenvolvimento sustentável e competitivo do Brasil. A transformação digital da indústria, aliada ao fortalecimento da produção local de semicondutores e ao investimento em inovação, será determinante para reduzir a dependência tecnológica e consolidar o Brasil como uma potência emergente nesse setor estratégico.

Artigo feito em colaboração com o Prof. Dr. Alex Brito, professor do departamento de economia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Fontes:

[1] Como seria o mundo sem a Engenharia?, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=JgQNAF4FHMA&ab_channel=RenatoArl%C3%A9o

[2] Tabela de Títulos Profissionais aprovada pela Resolução CONFEA nº 473/2022, atualização: 21/01/2025

[3] Lei Federal nº 5.194/1977

[4] Lei Federal nº 6.496/1977

[5] Acórdão nº 1925/2019-TCU-Plenário

[6] NCEES, disponível em https://ncees.org/

[7] OEP, disponível em https://www.ordemdosengenheiros.pt/pt/

[8] Invest RS assina termo de engajamento para empresa de semicondutores se instalar no Estado, disponível em https://www.estado.rs.gov.br/invest-rs-assina-termo-de-engajamento-com-empresa-de-semicondutores-do-estado

[9] Fábrica brasileira de semicondutores investe R$ 650 milhões para produzir mais e até exportar chips, disponível em https://exame.com/negocios/fabrica-brasileira-de-semicondutores-investe-r-650-milhoes-para-produzir-mais-e-ate-exportar-chips/?utm_source=copiaecola&utm_medium=compartilhamento

[10] Chips, nuvens, robôs: Brasil avança na transformação digital da indústria com R$ 186,6 bi, disponível em https://www.gov.br/mdic/pt-br/assuntos/noticias/2024/setembro/chips-nuvens-robos-brasil-avanca-na-transformacao-digital-da-industria-com-r-185-bi

[11] Montadoras deixaram de produzir 250 mil veículos por falta de semicondutores, disponível em https://www.cnnbrasil.com.br/auto/montadoras-deixaram-de-produzir-250-mil-veiculos-por-falta-de-semicondutores/

[12] “Guerra dos chips”: China usa data centers no exterior para driblar sanções, disponível em https://olhardigital.com.br/2024/08/26/pro/guerra-dos-chips-china-usa-data-centers-no-exterior-para-driblar-sancoes/

[13] Câmara renova programa do Governo que alavanca investimentos em semicondutores, disponível em https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202406/camara-aprova-programa-para-alavancar-investimentos-em-semicondutores

[14] Fatores críticos e futuro da Ceitec são temas de debate no último dia do RS Innovation Stage, disponível em https://estado.rs.gov.br/fatores-criticos-e-futuro-da-ceitec-sao-temas-de-debate-no-ultimo-dia-do-rs-innovation-stage

[15] Entenda o programa Nova Indústria Brasil, disponível em https://www.comunidadecontabilbrasil.com/noticias/post/entenda-o-programa-nova-industria-brasil-wHIXudQyKV8thRr

[16] Governo Federal lança “Nova Indústria Brasil”, disponível em https://www.gov.br/mcom/pt-br/noticias/2024/janeiro/governo-federal-lanca-nova-industria-brasil

[17] Entenda o programa Nova Indústria Brasil, disponível em https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2024-01/entenda-o-programa-nova-industria-brasil

[18] ComposiçãoSecretaria-Executiva  Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), disponível em https://www.gov.br/mdic/pt-br/composicao/se/cndi

[19] Nova Indústria Brasil: Plano de Ação para a Neoindustrialização 2024-2026, disponível em https://www.gov.br/mdic/pt-br/composicao/se/cndi/plano-de-acao/nova-industria-brasil-plano-de-acao-2024-2026-1.pdf

Fonte: Coluna Rogerio Moreira Lima Portal Imirante

Hedy Lamarr e as Telecomunicações: O Legado de uma Mulher Brilhante

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Hedy Lamarr foi uma mulher verdadeiramente à frente de seu tempo. Embora amplamente reconhecida por sua carreira na era dourada de Hollywood, sua contribuição para as telecomunicações é um legado de grande importância, um feito que vai além das telas e que até hoje influencia a maneira como nos comunicamos. Durante a Segunda Guerra Mundial, Lamarr, junto com o compositor George Antheil, desenvolveu um inovador sistema de comunicação baseado em frequency hopping — uma técnica que mudava rapidamente a frequência dos sinais de rádio para dificultar a interceptação pelas forças inimigas, algo essencial para garantir a segurança das transmissões de rádio usadas pelos militares.

A ideia de Lamarr e Antheil surgiu de uma experiência simples e criativa. Em frente a um piano, os dois começaram a brincar com notas musicais, repetindo-as em diferentes escalas e experimentando controlar os instrumentos de forma sincronizada. Esse exercício os levou a pensar em como as frequências de rádio poderiam ser alternadas, permitindo que uma comunicação fosse transmitida sem que um adversário pudesse interceptá-la. Eles usaram a analogia de duas pessoas conversando entre si, mudando frequentemente o canal de comunicação de forma simultânea, o que permitiria que a mensagem fosse ouvida apenas por quem estivesse no mesmo canal, mas nunca por aqueles que não estivessem sincronizados.

Esse sistema de frequency hopping foi patenteado por Lamarr e Antheil em 1942, com a intenção de despistar radares nazistas e garantir a segurança das comunicações militares. Embora a invenção não tenha sido implementada na época devido a limitações tecnológicas, sua ideia se tornaria um marco fundamental nas tecnologias de telecomunicações décadas mais tarde, especialmente no desenvolvimento das redes móveis digitais.

Nos anos seguintes, a importância do frequency hopping se consolidou quando foi incorporado ao GSM, o sistema de segunda geração (2G) que se tornou a base das redes de comunicação móvel modernas. O GSM, lançado na década de 1990, representou uma revolução no mundo das telecomunicações, utilizando técnicas de acesso como TDMA (Time Division Multiple Access) e FDMA (Frequency Division Multiple Access). A introdução do frequency hopping no GSM foi essencial para reduzir interferências e melhorar a segurança das comunicações móveis. Essa técnica permitiu que os dispositivos móveis mudassem de portadora entre quadros sucessivos, fazendo saltos de frequência a cada transmissão, o que dificultava a interceptação e melhorava a qualidade da comunicação em áreas com alta interferência.

Embora à época o GSM parecesse uma tecnologia simples comparada aos avanços tecnológicos de hoje, ele foi revolucionário. O GSM estabeleceu-se como um padrão global e, a partir dele, surgiram outras inovações que moldaram as gerações subsequentes de redes móveis, como o WCDMA (3G), e o LTE (4G). Além disso, a evolução das redes continuou com a introdução do 5G, que agora nos proporciona uma conectividade de alta velocidade e ultrabaixa latência, fundamental para aplicações de internet das coisas (IoT) e tecnologias emergentes em tempo real. Em contraste, os sistemas IS-136 e CDMA 2000, que também surgiram na mesma época, foram descontinuados, já que o GSM ganhou escala global e se tornou dominante.

O impacto do GSM foi enorme. A tecnologia permitiu que milhões de pessoas no mundo inteiro tivessem acesso à telefonia móvel digital, algo impensáveis anos antes. Além disso, o GSM também foi o precursor de outras inovações nas redes móveis, como o envio de mensagens de texto (SMS), o que se tornaria uma das formas mais populares de comunicação durante os anos 90 e 2000.

O GSM utilizava canais de 200 KHz e uma modulação GMSK (Gaussian Minimum Shift Keying), que, combinada com o frequency hopping, ajudava a garantir a qualidade da comunicação mesmo em ambientes de alta interferência. O sistema também empregava técnicas de codificação de voz, como RELP/LPC (preditivo linear de excitação residual), com uma taxa de 13 kbps, bem mais eficiente do que tecnologias disponíveis a época, como a PCM (64kbps) e ADPCM (32kbps).

Embora o GSM tenha sido sucedido por tecnologias mais avançadas, como o 3G, 4G e 5G, sua importância histórica não pode ser subestimada. Ele estabeleceu as bases para o que viria a ser uma revolução nas telecomunicações móveis, permitindo a comunicação global em escala nunca vista antes. E muito disso se deve à visão de Hedy Lamarr, cujas invenções, muitas vezes negligenciadas, tiveram um impacto profundo e duradouro.

No Dia Internacional da Mulher, é fundamental lembrar de figuras como Hedy Lamarr, cujas contribuições para a ciência e a engenharia de telecomunicações foram muitas vezes ofuscadas por sua carreira no cinema. Lamarr não foi apenas uma atriz, mas também uma mulher brilhante, cuja invenção desempenhou um papel central no desenvolvimento das redes de comunicações móveis, impactando diretamente as telecomunicações modernas. A invenção de Lamarr não só contribuiu para a evolução das telecomunicações, mas também desafiou estereótipos de gênero, mostrando que mulheres podem, e devem, ser protagonistas na ciência e na tecnologia.

 

Por:

Eng. Eletric. Dr. Rogerio Moreira Lima

Diretor de inovação e Diretor Estadual da ABTELECOM

Coord. da CAPA e da CEALOS do CREA-MA,

Professor do departamento de engenharia de computação da UEMA

Professor do Mestrado Profissional em Engenharia de Computação e Sistemas da UEMA

Membro da AMC titular da cadeira nº 54

1º Secretário da ABEE-MA

 

 

Fonte:

[1] Camilo, Talles Alexandre. Simulação e Desempenho de Serviço Integrado de Voz e Dados em Sistemas Celulares Utilizando o Padrão GSM/HSCSD. Dissertação de Mestrado, PUC-RIO, 2002.

[2] Livro aborda a vida de Hedy Lamarr, a judia que revolucionou Hollywood e a Ciência, disponível em https://aventurasnahistoria.com.br/noticias/vitrine/biografia-aborda-a-vida-de-hedy-lamarr-a-judia-que-revolucionou-hollywood-e-ciencia.phtml

[3] O que podemos aprender com as pessoas absurdamente talentosas, disponível em https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2020/02/22/o-que-podemos-aprender-com-as-pessoas-absurdamente-talentosas.ghtml
[4] Silva Mello. Notas de Aula Doutorado, 2007
[5] Mulheres que revolucionaram a Telefonia: conheça o legado de Shirley Ann Jackson e Hedy Lamarr, disponível em https://www.bemmelhor.com.br/mulheres-que-revolucionaram-a-telefoniaconheca-o-legado-de-shirley-ann-jackson-e-hedy-lamarr/#:~:text=A%20t%C3%A9cnica%20de%20%E2%80%9Cespalhamento%20espectral,em%20todas%20as%20suas%20formas.

[6] Quem inventou e quando surgiu o Wi-Fi? National Geographic, disponível em https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2024/11/quem-inventou-e-quando-surgiu-o-wi-fi#:~:text=Hedwig%20Eva%20Maria%20Kiesler%2C%20conhecida,como%20Bluetooth%20e%20Wi%2DFi.

[7] Modulação espectral, sua historia,d.pptx, disponível em https://pt.slideshare.net/slideshow/modulao-espectral-sua-historiadpptx/267150465

[8] Neto, Fabio Siqueira. Geradores de Sequências Pseudoaleatórias Usando Caos em Sistemas de Espelhamento Espectral. Dissertação de Mestrado, Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2009

ABTELECOM Reforça a Importância da Engenharia de Telecomunicações em Homenagem a Vinícius Caram

Na terça-feira, 25 de fevereiro de 2025, às 9h, no Auditório do Executive Lake, em São Luís, capital do Maranhão,  a Associação Brasileira de Telecomunicações (ABTELECOM) participou da solenidade que homenageou o engenheiro eletricista Vinícius Oliveira Caram Guimarães por sua significativa contribuição ao setor de telecomunicações no Brasil. O evento, promovido pela Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas – Seção Maranhão (ABEE-MA), reuniu autoridades, lideranças do setor e profissionais da engenharia para reconhecer o impacto positivo de sua atuação ao longo de mais de 25 anos de carreira.

Figura 2- Da esquerda para direita temos: Eng. Eletric. Rogerio Moreira Lima (ABTELECOM, ABEE-MA, CREA-MA, UEMA e AMC), Eng. Civ. Raimundo Xavier (Mútua-MA), Eng. Civ. Juscelino Resende, Eng. Mec. Wesley Assis (CREA-MA), Eng. Agr. Raimundo Monteiro (CREA-MA) e Eng. Mec. Carlos Ronyhelton (UEMA)

A ABTELECOM, entidade que representa e fomenta o desenvolvimento das telecomunicações no país, reforça que a trajetória de Vinícius Caram é um exemplo de como o conhecimento técnico e a regulação bem estruturada são fundamentais para garantir um ambiente de inovação, segurança e expansão da infraestrutura de conectividade. Sua experiência no setor, desde a consultoria e a docência até sua posição na ANATEL, demonstra a importância da engenharia na formulação de políticas públicas eficientes e alinhadas às necessidades do mercado e da sociedade.

Entre as personalidades ilustres presentes estavam o vice-presidente da Huawei Brasil, Fred; Bianca Franco, Relações Institucionais e Governamentais da TIM; Renata Ramos, Relações Institucionais da Telefônica Vivo Norte do Brasil; o Eng. Eletric. Raimundo Fraga, Superintendente da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e Programas Estratégicos, representando o governador Carlos Brandão; o Eng. Civ. Felipe Falcão, Secretário Municipal de Informação e Tecnologia, representando o prefeito Eduardo Braide; o Eng. Mec. Wesley Assis, Presidente do CREA-MA, representando o presidente do CONFEA, Eng. Telecom. Vinícius Marchese; o Eng. Civ. Raimundo Xavier, Diretor-Geral da Mútua-MA, representando o diretor-presidente da Mútua Nacional, Eng. Civ. Joel Krüger; o Eng. Eletric. Marcelo Brito, Presidente da ABEE-MA; o Eng. Civ. José Henrique Campos, Presidente do Clube de Engenharia do Maranhão; o Eng. Eletric. Rogério Moreira Lima, Diretor de Inovação da ABTELECOM, representando o presidente, Eng. Eletron. Luiz Rocha; o Eng. Comunic. Diogo Torres, Coordenador de Infraestrutura da CONEXIS, representando o presidente, Marcos Ferrari; Rogério Dallemole, Diretor da Associação NEO, representando o presidente, Rodrigo Schuch; o Eng. Civ. Juscelino Resende, pai do Ministro das Comunicações, Juscelino Filho; Augusto Diniz, Diretor da MAXX; o Eng. Eletric. Maurício Oliveira, Diretor da Lig16; Rogério Dallemole, Diretor da Associação NEO; os professores da UEMA: Dr. Leonardo Gonsioroski, do departamento de engenharia de computação, Prof. Carlos Ronyhelton, representando o Magnífico Reitor da UEMA, Eng. Civ. Walter Canales, e Prof. Denner Guilhon, do departamento de engenharia mecânica; e o Diretor Geral da Defensoria Pública, Luís Otávio Rodrigues de Moraes Filho, representando o Defensor Público-Geral, Gabriel Santana Furtado Soares.

Figura 3- Da esquerda para direita temos: Estela (Huawei Brasil), Fred (Huawei Brasil), Eng. Eletric. Vinicius Caram (ANATEL), Paula Fonteles (ANATEL), Ivete Dias (ANATEL) e Eng. Eletric. Carnot Braun (ANATEL)

Figura 4- Da esquerda para direita temos: Vinicius Silva (CLARO), Eng. Telecom. Raphael Cortinhas Sousa (CLARO), Renata Ramos (VIVO), Eng. Eletric. Vinicius Caram (ANATEL), Bianca Franco (TIM) e Eng. Comunic. Diogo Torres (CONEXIS)

Vinícius Caram, ao longo de sua trajetória, destacou-se como consultor de redes de telecomunicações entre 1998 e 2011, além de atuar como professor em cursos de Engenharia Elétrica. Desde 2011, integra a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) como servidor de carreira, assumindo em 2019 a Superintendência de Outorga e Recursos à Prestação. Mestre em Engenharia de Telecomunicações e especialista em Gestão de Telecomunicações pela Universidade de Brasília (UnB), Vinícius Caram também possui especialização em Governança e Controle da Regulação pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP). Sua atuação tem sido crucial na modernização das telecomunicações brasileiras, assegurando a segurança do espectro radioelétrico e aprimorando a infraestrutura de conectividade no país.

Figura 5- Da esquerda para direita temos: Rogério Dallemole (Associação NEO), Augusto Diniz (MAXX) e Eng. Eletric. Vinicius Caram (ANATEL)

Figura 6- Da esquerda para direita temos: André Pessoa (ANATEL), Eng. Civ. José Henrique Campos (CEM), Eng. Eletric. Vinicius Caram (ANATEL) e Eng. Mec. Wesley Assis (CREA-MA)

O presidente da ABEE-MA, Eng. Eletric. Marcelo Brito, enfatizou a relevância do conhecimento técnico especializado na regulação do setor, destacando as contribuições de Caram para promover inovações seguras e eficientes que beneficiam a sociedade e a economia nacional. Além disso, foi ressaltada a importância de profissionais com formação técnica na formulação e fiscalização das normas regulatórias, garantindo que as decisões sejam embasadas em critérios técnicos sólidos e alinhadas às necessidades do país.

Durante a cerimônia, Vinícius Caram ressaltou que a engenharia de telecomunicações desempenha um papel fundamental na redução das desigualdades e no crescimento socioeconômico. Destacou sua trajetória desde 1994, acompanhando a evolução da telefonia no Brasil, da telefonia fixa ao 5G, e os desafios que ainda persistem, como a ausência de conectividade móvel em mais de mil localidades no Maranhão.

O homenageado enfatizou a relevância da Anatel na regulação do setor, assegurando infraestrutura qualificada e promovendo um ambiente competitivo e sustentável. Mencionou o Artigo 12 do Regulamento de Licenciamento de Estações, que exige planejamento técnico e comprovação de responsabilidade técnica por meio de profissionais habilitados e registrados no CREA.

Citou, ainda, o ex-presidente José Sarney ao afirmar que “o futuro não é um lugar onde estamos indo, mas um lugar que estamos construindo”, reforçando a necessidade de investimentos contínuos para expandir a infraestrutura de telecomunicações no Brasil. Enalteceu também o trabalho do Ministro das Comunicações, Juscelino Filho, na ampliação da conectividade e na promoção de políticas públicas que garantam a universalização do acesso à tecnologia.

Figura 6- Da esquerda para direita temos: Augusto Diniz (MAXX), Eng. Eletric. Vinicius Caram (ANATEL), Jeferson Bandeira (MAXX) e Eng. Eletric. Rogerio Moreira Lima (ABTELECOM, ABEE-MA, CREA-MA, UEMA e AMC)

A ABTELECOM parabeniza a ABEE-MA pela realização do evento e ao CREA-MA, à Mútua-MA, à Mútua e ao CONFEA pelo apoio a um evento que valoriza a engenharia e os engenheiros como pilares essenciais para o avanço das telecomunicações no Brasil. A engenharia de telecomunicações, em particular, desempenha um papel estratégico na construção de uma infraestrutura robusta, resiliente e inovadora, garantindo a conectividade e impulsionando o desenvolvimento econômico e social do país. Eventos como este reafirmam a relevância da qualificação técnica e do trabalho conjunto entre entidades e profissionais para enfrentar os desafios e oportunidades do setor.

 

Por:

Eng. Eletric. Dr. Rogerio Moreira Lima
Diretor de inovação e Diretor Estadual da ABTELECOM
Coord. da CAPA e da CEALOS do CREA-MA,
Professor do PECS/UEMA
Membro da AMC titular da cadeira nº 54
1º Secretário da ABEE-MA


Figura 1- Da esquerda para direita temos: Eng. Eletric. Rogerio Moreira Lima (ABTELECOM, ABEE-MA, CREA-MA, AMC, UEMA), Eng. Mec. Wesley Assis (CREA-MA), Eng. Civ. Felipe Falcão (SEMIT/SLZ), Eng. Eletric. Raimundo Fraga (SEDEPE/MA), Eng. Eletric. Marcelo Brito (ABEE-MA), Eng. Eletric. Vinicius Caram (ANATEL), Luís Otávio Moraes (DPE/MA), Eng. Civ. Raimundo Xavier (Mútua-MA) e o Eng. Civ. Juscelino Resende

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Judicialização das Telecomunicações: Riscos e Impactos para o Futuro do 5G no Brasil

Judicialização das Telecomunicações: Riscos e Impactos para o Futuro do 5G no Brasil

A desistência da Winity II Telecom em relação às autorizações obtidas no Lote A1 da Licitação nº 1/2021-SOR/SPR/CD-ANATEL, conhecido como Leilão 5G, trouxe implicações significativas para o cenário das telecomunicações no Brasil. A empresa havia adquirido a faixa de 700 MHz, reconhecida por sua ampla cobertura e excelente penetração em edificações, com compromissos de ampliar o acesso à internet em áreas rurais e reforçar o serviço em centros urbanos. Contudo, em agosto de 2023, a Winity optou por renunciar às autorizações, interrompendo os planos previamente estabelecidos. A faixa de 700 MHz é estratégica para o setor de telecomunicações, sendo amplamente reconhecida por sua capacidade de propagação eficiente. Em centros urbanos, essa frequência desempenha um papel crucial no reforço da cobertura, particularmente em locais com alta densidade populacional, devido à sua penetração superior em edificações. Em áreas rurais e de difícil acesso, o alcance dessa faixa é essencial para superar barreiras geográficas e promover a inclusão digital, reduzindo desigualdades no acesso à conectividade. Globalmente, a faixa de 700 MHz é um padrão consolidado em redes LTE e 5G, atendendo às crescentes demandas por cobertura, qualidade de serviço e conectividade universal.

 

Os desafios enfrentados pela Winity, possivelmente relacionados à construção de infraestrutura e ao cumprimento de metas de cobertura, destacam a complexidade do mercado de telecomunicações no Brasil. Sua desistência atrasou os planos da ANATEL para expandir a inclusão digital, impactando regiões que mais necessitam de conectividade. Enquanto a faixa de 700 MHz, em UHF, apresenta mecanismos de propagação como linha de vista, difração, reflexão e tropodifusão, as faixas de 3,5 GHz e 26 GHz, em SHF, dependem majoritariamente da propagação em linha de vista. Embora a difração ainda seja possível em 3,5 GHz, sua eficiência é inferior à observada na faixa de 700 MHz, onde esse mecanismo predomina. Como resposta, a ANATEL anunciou que publicará um novo edital para a faixa de 700 MHz até 31 de dezembro de 2025, criando novas oportunidades para que empresas interessadas assumam os compromis sos de cobertura. No entanto, a demora nesse processo poderá ampliar os atrasos na expansão das redes móveis, comprometendo os avanços planejados. O sucesso do novo edital dependerá de atrair investidores com capacidade técnica e financeira para enfrentar os desafios regulatórios e operacionais do setor. Paralelamente, a judicialização surge como outro desafio significativo. A recente ação judicial solicitando o compartilhamento obrigatório das ERBs (Estações Rádio Base) quando a distância entre elas for inferior a 500 metros, relatada pela Folha de São Paulo em 1º de janeiro de 2025, gera apreensão. Além disso, a entra da como amicus curiae de associações de municípios, como Assomasul e FGM, na ação movida pela ABRIN TEL (ADI 7708), intensifica a complexidade do cenário. Essa decisão impacta diretamente o planejamento do 5G, que depende de uma infraestrutura robusta para atingir seu pleno potencial. A tecnologia MIMO Massivo (Multiple Input, Multiple Output), fundamental para o 5G, utiliza múltiplas antenas para aumentar significativa mente a capacidade da rede. Para que funcione adequadamente, é necesAtividades técnicas em telecomunicações são características da engenharia, conforme o art. 1º, alínea ‘b’, da Lei Federal nº 5.194/1966. A direção, estudo, planejamento, projeto e execução de sis temas de telecomunicações são competências de engenheiros eletricistas, engenheiros em eletrôni ca, engenheiros de telecomunicações e engenhei ros de computação, desde que tenham a devida qualificação, conforme os arts. 7º e 27, alínea ‘f’, da Lei nº 5.194/1966, combinados com o art. 9º da Resolução CONFEA nº 218/1973, o art. 1º da Reso lução CONFEA nº 380/1993 e o art. 5º, §2º, da Resolução CONFEA nº 1.073/2016. Profissionais que rea lizam pós-graduações podem ampliar suas atribuições iniciais, desde que comprovem a suplementação curricular aprovada pela câmara especializada pertinente à atribuição requerida, conforme dispõe o art. 7º da Resolução CONFEA nº 1.073/2016         sário implantar uma alta densida de de antenas por habitante, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas. A imposição judicial pode criar entraves técnicos e econômicos, comprometendo o desempenho esperado das redes 5G.

Nesse contexto, as telecomunicações, através de engenheiros devidamente habilitados, projetam, executam e realizam manutenção em sistemas de comunicação alicerçados na análise espectral, propa gação de ondas eletromagnéticas e teoria estatística das comunicações. A análise espectral, sustentada pela Transformada de Fourier, otimiza o uso do es pectro eletromagnético, evitando interferências e maximizando a eficiência das redes. Tecnologias como OFDM exemplificam sua aplicação prática, mitigando os efeitos do multipercurso e reduzindo a taxa de erro de bits, além de melhorar tanto a cobertura quanto a taxa de transmissão de dados. A propagação de ondas eletromagnéticas, regida pela Equação de Helmholtz, é essencial para com preender os mecanismos de transmissão de sinais e prever fenômenos como atenuação, difração e multipercurso. Modelos como o Alfa-Beta-Gama (ITU-R P.1411) são cruciais para prever o comporta mento do sinal em ambientes urbanos e suburba nos. Além disso, a teoria estatística das comunica ções assegura a confiabilidade dos sistemas, com aplicações como a taxa de erro de bits (BER) e a modelagem de tráfego, fundamentais para o de sempenho em redes de alta densidade.

Atividades técnicas em telecomunicações são características da engenharia, conforme o art. 1º, alínea ‘b’, da Lei Federal nº 5.194/1966. A direção, estudo, planejamento, projeto e execução de sis temas de telecomunicações são competências de engenheiros eletricistas, engenheiros em eletrôni ca, engenheiros de telecomunicações e engenhei ros de computação, desde que tenham a devida qualificação, conforme os arts. 7º e 27, alínea ‘f’, da Lei nº 5.194/1966, combinados com o art. 9º da Resolução CONFEA nº 218/1973, o art. 1º da Reso lução CONFEA nº 380/1993 e o art. 5º, §2º, da Resolução CONFEA nº 1.073/2016. Profissionais que rea lizam pós-graduações podem ampliar suas atribuições iniciais, desde que comprovem a suplementação curricular aprovada pela câmara especializada pertinente à atribuição requerida, conforme dispõe o art. 7º da Resolução CONFEA nº 1.073/2016.

No Brasil, que utiliza as faixas de 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz para o 5G, o planejamento técnico e o equilíbrio regulatório são indispensáveis. Nessas faixas, os fenômenos físicos de propagação variam sig nificativamente devido às diferenças no comprimento de onda. Em 2,3 GHz, os sinais apresentam bom equilíbrio entre alcance e capacidade de contornar obstáculos, com razoável penetração em edificações e maior resiliência à atenuação causada por barreiras físicas, além de permitir difração em bordas e re f lexões em superfícies próximas. No entanto, o multipercurso é mais pronunciado, gerando interferências que podem ser compensadas por técnicas como MIMO e OFDM. Já em 3,5 GHz, a propagação é majori tariamente em linha de vista, com menor capacidade de difração e maior suscetibilidade a bloqueios por estruturas como prédios e árvores. Em contraste, na frequência de 26 GHz, a alta direcionalidade dos sinais, devido ao comprimento de onda reduzido, limita significativamente sua capacidade de difração e reflexão eficiente, tornando os enlaces altamente dependentes de visibilidade direta. Essa faixa também está mais sujeita a perdas por absorção atmosférica, especialmente em condições de chuva, exigindo uma maior densidade de estações rádio base (ERBs) para fornecer cobertura adequada, especialmente em ambientes urbanos. Nesses cenários, a tecnologia MIMO Massivo desempenha um papel crucial para mitigar problemas técnicos. Utilizando múltiplas antenas na transmissão e recepção, intensamente, o MIMO Massivo aumenta a eficiência espectral, melhora a cobertura e reduz os efeitos adversos do multi percurso, através de uma massiva densidade de antenas por habitantes, além de possibilitar a formação de feixes altamente direcionais em 26 GHz, maximizando a capacidade da rede em ambientes densamen te povoados. Assim, a combinação dessas frequências no espectro 5G é essencial para equilibrar alcance, penetração e capacidade.

A judicialização, embora necessária em alguns casos, deve ser conduzida com cautela para não preju dicar os avanços tecnológicos e sociais. A preocupação reside na criação de entraves à implantação das antenas; uma regulação rígida pode implicar em atrasos na implementação do 5G. O MIMO Massivo, que significa alta densidade de antenas por usuário, exige a instalação de um número elevado de antenas, especialmente em frequências mais altas, o que implica em antenas próximas umas das outras. Entraves legais podem dificultar essa expansão necessária. O 5G é peça central na transformação digital, essencial para suportar inovações como a inteligência artifi cial. Sem infraestrutura adequada, o Brasil corre o risco de ficar para trás nesse processo. É imperativo valorizar a engenharia e buscar soluções que promovam o progresso tecnológico e social, minimizando entraves jurídi cos e maximizando os benefícios para a sociedade. Mais engenharia, menos litígios judiciais.

 

Fontes

[1] Anatel antecipa licitação da faixa de 700 MHz e amplia incentivos ao seu uso, em caráter secundário, por prestadoras de pequeno porte, disponível em https://www.gov.br/anatel/pt-br/assuntos/noticias/ anatel-antecipa-licitacao-da-faixa-de-700-mhz-e-incentiva-uso-da-faixa-em-carater-secundario-para–ppps

[2] RF EMF Guidelines (2020), disponível em https://www.icnirp.org/en/frequencies/radiofrequency/in dex.html

[3] Resolução ANATEL nº 700/2018

[4] Resolução CONFEA nº 218/1973

[5] Resolução CONFEA nº 380/1993

[6] Lei Federal nº5.194/1966

[7] Lei Federal nº9.472/1997

[8] Constituição Federal de 1988

[9] Termina o leilão do 5G; veja as vencedoras, disponível em https://g1.globo.com/economia/noti cia/2021/11/04/vencedoras-do-leilao-do-5g.ghtml?utm_source=chatgpt.com

[10] Gratuidade do direito de passagem de infraestrutura de telecomunicações é constitucional, dispo nível em https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=460758&ori=1 [11] Municípios pedem ao STF para entrar na guerra das torres de celular, disponível em https:// www1.folha.uol.com.br/colunas/painelsa/2025/01/municipios-pedem-ao-stf-para-entrar-em-guerra–das-torres-de-celular.shtml?pwgt=kh671ktqvdms3g3ujjycnoaof5yff05sav46bxat16kuia6a&utm_ source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=compwagift

[12] Abrintel rebate Conexis no STF sobre limites na disposição de torres, disponível em https://telesin tese.com.br/abrintel-rebate-conexis-no-stf-sobre-limites-na-disposicao-de-torres/

[13] Lei Federal nº 13.116/2015

[14] STF restabelece compartilhamento de torres por empresas de telecomunicações, disponível em https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/stf-restabelece-compartilhamento-de-torres-por-empresas–de-telecomunicacoes/

[15] Edital de Licitação nº 1/2021-SOR/SPR/CD-ANATEL, disponível em https://www.gov.br/anatel/pt-br/ assuntos/5G/leilao-de-espectro-5g

[16] Resolução CONFEA nº 1.073/2016

[17] Frequências de Celular: 5G, disponível em https://www.teleco.com.br/5g_freq.asp

 

Fonte: Potencia Multiplataforma

Por:

ENG. ELETRIC. DR. ROGÉRIO MOREIRA LIMA CLIQUE AQUI E VOLTE AO SUMÁRIO DIRETOR DE INOVAÇÃO DA ABTELECOM, COORD. DA CEEE E DA CAPA DO CREA-MA, PROFESSOR DO PECS/UEMA E MEMBRO DA AMC OCUPANTE DA CADEIRA Nº 54

ADV. JOSÉ ALBERTO LUCAS MEDEIROS GUIMARÃES MESTRANDO EM DIREITO PELO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO E INSTITUIÇÕES DO SISTEMA DE JUSTIÇA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO (PPGDIR/UFMA)

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SOR 2024: Avanços e Transformações no Setor de Telecomunicações

O Boletim Informativo SOR 2024 da Superintendência de Outorga e Recursos à Prestação (SOR) da Anatel oferece um relato detalhado sobre as conquistas e desafios enfrentados ao longo do ano, reafirmando o papel central da engenharia no fortalecimento do setor de telecomunicações no Brasil. Sob a liderança técnica de engenheiros eletricistas, a SOR alcançou resultados expressivos, consolidando-se como referência em inovação, eficiência regulatória e excelência operacional.

Com uma estrutura composta por três gerências especializadas, a SOR reflete a complexidade e a importância técnica de suas atribuições. A Gerência de Outorga e Licenciamento de Estações (ORLE) conduz processos de outorga para a prestação de serviços de telecomunicações, autorizações para uso de radiofrequências fora de processos licitatórios e o licenciamento de estações de telecomunicações e radiodifusão. A Gerência de Certificação e Numeração (ORCN) lidera a certificação e homologação de produtos, além de administrar recursos de numeração e endereçamento das redes públicas. Já a Gerência de Espectro, Órbita e Radiodifusão (ORER) é responsável pela administração e controle do uso de radiofrequências, análises técnicas sobre espectro e órbita, e pela manutenção de planos de distribuição de canais de radiodifusão.

Entre os grandes avanços de 2024, destaca-se a conclusão da liberação da faixa de 3,5 GHz, fundamental para a implantação do 5G em todos os 5.570 municípios do Brasil. Além disso, 34.198 estações compatíveis com a tecnologia foram licenciadas, e 230 modelos de dispositivos compatíveis foram certificados. Essas realizações demonstram o impacto direto da engenharia no avanço da transformação digital no país.

Figura 1 – Estações Licenciadas 5G [3]

Figura 1 – Estações Licenciadas 5G [3]

O ano também foi marcado por uma transição significativa na liderança da SOR. O engenheiro eletricista Vinícius Oliveira Caram Guimarães, reconhecido por sua atuação técnica de excelência, foi nomeado conselheiro substituto do Conselho Diretor da Anatel em 6 de novembro, por meio da Portaria de Pessoal nº 1.470. Para garantir a continuidade na condução técnica da superintendência, assumiu o cargo o engenheiro eletricista Sidney Azeredo Nince, Mestre em Engenharia de Telecomunicações. Essa sucessão reforça o compromisso da Anatel em manter a liderança da SOR sob a responsabilidade de profissionais altamente qualificados, assegurando que desafios regulatórios sejam enfrentados com competência técnica e visão estratégica.

As atividades técnicas em telecomunicações, desenvolvidas pela SOR, são características intrínsecas da engenharia e de competência exclusiva de engenheiros eletricistas, engenheiros em eletrônica, engenheiros de telecomunicações e engenheiros de computação. Fundamentadas nos arts. 1º ‘b’, 7º e 27 ‘f’ da Lei Federal nº 5.194/1966, em conjunto com o art. 9º da Resolução CONFEA nº 218/1973 e o art. 1º da Resolução CONFEA nº 380/1993, essas atribuições garantem que apenas profissionais devidamente habilitados e registrados no sistema CONFEA/CREA possam executar serviços técnicos no setor, garantindo qualidade e segurança nas obras e serviços técnicos em telecomunicações. Mais do que uma exigência legal, os resultados expressivos alcançados pela SOR em 2024 comprovam que o rigor técnico e a competência profissional dos engenheiros são os grandes responsáveis por transformar desafios em avanços concretos.

A modernização regulatória foi outra prioridade estratégica em 2024. A revisão do Regulamento de Uso do Espectro e o Plano de Atribuição e Destinação de Faixas de Frequências foram conduzidos com precisão técnica, assegurando o uso eficiente de recursos escassos. Ferramentas como o Sistema de Gestão de Espectro (SGE) reforçaram a transparência e a eficácia dos processos de licenciamento, reafirmando o compromisso da engenharia com soluções tecnológicas inovadoras e de impacto.

Além disso, a articulação da SOR com ministérios, universidades, setores da indústria e entidades como EAF e EAD merece destaque. Parcerias estratégicas com instituições como a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) resultaram em pesquisas que fortaleceram a base científica e tecnológica do setor de telecomunicações, promovendo inovações que ampliaram a eficiência e a sustentabilidade das operações.

A inovação, outro pilar das ações da SOR, foi evidenciada com o Sandbox Regulatório, que permitiu testar novas tecnologias em um ambiente seguro e controlado. Aplicações como sistemas Direct-To-Device (D2D) e reforçadores de sinal em áreas remotas demonstram como a engenharia regula com precisão técnica o avanço de tecnologias disruptivas, sempre alinhadas aos padrões de segurança e eficiência.

O boletim também destaca a atuação internacional da SOR, que representou o Brasil em fóruns globais como a União Internacional de Telecomunicações (UIT) e a Comissão Interamericana de Telecomunicações (CITEL). Essa participação fortaleceu o posicionamento do país em discussões sobre sustentabilidade espacial, avanços tecnológicos e a utilização responsável de recursos orbitais.

Em 2024, a SOR reafirmou a centralidade da engenharia no setor de telecomunicações, comprovando que resultados de excelência são alcançados quando profissionais altamente qualificados estão à frente das decisões. O Boletim Informativo SOR 2024 é uma demonstração clara de como a engenharia transforma desafios em soluções inovadoras, com impacto direto no desenvolvimento tecnológico e no bem-estar da sociedade. A ABTELECOM (Associação Brasileira de Telecomunicações) parabeniza a todos os envolvidos e deseja um ano de realizações que continuarão a moldar o futuro das telecomunicações no Brasil.

 

Eng. Eletric. Rogerio Moreira Lima
Diretor de Inovação da ABTELECOM (Associação Brasileira de Telecomunicações)
Membro efetivo da Academia Maranhense de Ciências, titular da cadeira nº 54
Coordenador da C.A.P.A. e da C.E.A.L.O.S.  do CREA-MA
1º Secretário da ABEE-MA
Professor da UEMA (Universidade Estadual do Maranhão)

Fontes:

[1] Estrutura Organizacional da ANATEL, disponível em https://www.gov.br/anatel/pt-br/composicao/estrutura-organizacional

[2] Anatel: superintendentes Vinícius Caram e Daniel Martins assumem conselho diretor, disponível em https://www.mobiletime.com.br/noticias/06/11/2024/anatel-vinicius-caram-daniel-martins-conselheiros/#:~:text=Vin%C3%ADcius%20Caram%20%C3%A9%20superintendente%20de,servidor%20da%20Anatel%20desde%202011.

[3] Boletim Informativo SOR 2024

[4] Portaria convoca dois conselheiros substitutos, disponível em https://www.gov.br/anatel/pt-br/assuntos/noticias/portaria-convoca-dois-conselheiros-substitutos

Judicialização das Telecomunicações: Riscos e Impactos no Futuro do 5G no Brasil

A desistência da Winity II Telecom em relação às autorizações obtidas no Lote A1 da Licitação nº 1/2021-SOR/SPR/CD-ANATEL, conhecido como Leilão 5G, trouxe implicações significativas para o cenário das telecomunicações no Brasil.

A desistência da Winity II Telecom em relação às autorizações obtidas no Lote A1 da Licitação nº 1/2021-SOR/SPR/CD-ANATEL, conhecido como Leilão 5G, trouxe implicações significativas para o cenário das telecomunicações no Brasil. A empresa havia adquirido a faixa de 700 MHz, reconhecida por sua ampla cobertura e excelente penetração em edificações, com compromissos de ampliar o acesso à internet em áreas rurais e reforçar o serviço em centros urbanos. Contudo, em agosto de 2023, a Winity optou por renunciar às autorizações, interrompendo os planos previamente estabelecidos.

A faixa de 700 MHz é estratégica para o setor de telecomunicações, sendo amplamente reconhecida por sua capacidade de propagação eficiente. Em centros urbanos, essa frequência desempenha um papel crucial no reforço da cobertura, particularmente em locais com alta densidade populacional, devido à sua penetração superior em edificações. Em áreas rurais e de difícil acesso, o alcance dessa faixa é essencial para superar barreiras geográficas e promover a inclusão digital, reduzindo desigualdades no acesso à conectividade. Globalmente, a faixa de 700 MHz é um padrão consolidado em redes LTE e 5G, atendendo a demandas crescentes por cobertura, qualidade de serviço e conectividade universal.

Eng. Eletric. Rogerio Moreira Lima

Diretor de Inovação da ABTELECOM (Associação Brasileira de Telecomunicações)
Membro efetivo da Academia Maranhense de Ciências, titular da cadeira nº 54  

Conselheiro Regional do CREA-MA

1º Secretário da ABEE-MA
Professor da UEMA (Universidade Estadual do Maranhão)

 

Fontes:

[1] Anatel antecipa licitação da faixa de 700 MHz e amplia incentivos ao seu uso, em caráter secundário, por prestadoras de pequeno porte, disponível em https://www.gov.br/anatel/pt-br/assuntos/noticias/anatel-antecipa-licitacao-da-faixa-de-700-mhz-e-incentiva-uso-da-faixa-em-carater-secundario-para-ppps

[2] RF EMF Guidelines (2020), disponível em https://www.icnirp.org/en/frequencies/radiofrequency/index.html

[3] Resolução ANATEL nº 700/2018

[4] Resolução CONFEA nº 218/1973

[5] Resolução CONFEA nº 380/1993

[6] Lei Federal nº5.194/1966

[7] Lei Federal nº9.472/1997

[8] Constituição Federal de 1988

[9] Termina o leilão do 5G; veja as vencedoras, disponível em https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/11/04/vencedoras-do-leilao-do-5g.ghtml?utm_source=chatgpt.com

[10] Gratuidade do direito de passagem de infraestrutura de telecomunicações é constitucional, disponível em https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=460758&ori=1

[11]Municípios pedem ao STF para entrar na guerra das torres de celular, disponível em https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painelsa/2025/01/municipios-pedem-ao-stf-para-entrar-em-guerra-das-torres-de-celular.shtml?pwgt=kh671ktqvdms3g3ujjycnoaof5yff05sav46bxat16kuia6a&utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=compwagift

[12] Abrintel rebate Conexis no STF sobre limites na disposição de torres, disponível em https://telesintese.com.br/abrintel-rebate-conexis-no-stf-sobre-limites-na-disposicao-de-torres/

[13] Lei Federal nº 13.116/2015

[14] STF restabelece compartilhamento de torres por empresas de telecomunicações, disponível em https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/stf-restabelece-compartilhamento-de-torres-por-empresas-de-telecomunicacoes/

[15] Edital de Licitação nº 1/2021-SOR/SPR/CD-ANATEL, disponível em https://www.gov.br/anatel/pt-br/assuntos/5G/leilao-de-espectro-5g

As Telecomunicações Chegam ao Conselho Diretor da ANATEL

ANATEL

ANATELO recente convite ao superintendente de Outorgas e Recursos à Prestação, Eng. Eletric. Vinicius Caram, para assumir interinamente o Conselho Diretor da ANATEL, feito pelo presidente Carlos Baigorri, marca uma importante mudança estratégica. Essa medida temporária visa assegurar a continuidade das decisões regulatórias até que novos conselheiros permanentes sejam nomeados, o que está previsto para ocorrer após a posse dos novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em fevereiro de 2025, quando o governo federal estará plenamente configurado.

Atualmente, o Conselho Diretor da ANATEL não conta com engenheiros em sua composição, uma ausência notável, dado o papel técnico da agência na regulação das telecomunicações, conforme estabelecido pela Lei nº 9.472/1997, a Lei Geral de Telecomunicações. Com a chegada interina do Eng. Eletric. Vinicius Caram, servidor de carreira da ANATEL, a agência retoma uma perspectiva técnica essencial em seu órgão decisório. Além de promover uma integração mais direta entre a área técnica e os conselheiros, Caram reforça a composição do Conselho Diretor com o perfil de servidores concursados, cuja estabilidade e compromisso com a função pública contribuem para uma regulação mais imparcial e tecnicamente fundamentada. Sua presença se une à do presidente Carlos Baigorri, economista e também servidor de carreira da ANATEL, consolidando uma liderança que representa a expertise e o compromisso dos servidores concursados.

A valorização dos servidores públicos de carreira é um pilar essencial para a governança das agências reguladoras, sendo fundamental que cargos estratégicos contem com profissionais concursados, que possuem independência e conhecimento aprofundado do setor. Essa visão técnica e institucional, adquirida ao longo de anos de experiência na agência, fortalece a continuidade das políticas regulatórias e contribui para uma tomada de decisões mais sólida e responsável. A presença de Caram, com sólida formação técnica, evidencia o compromisso da ANATEL em integrar conselheiros que representam a essência do serviço público, priorizando a excelência técnica e a transparência no exercício das funções regulatórias.

As telecomunicações constituem uma área regulamentada de atuação dos engenheiros, sendo atribuição dos engenheiros de telecomunicações e, também, dos engenheiros eletricistas, profissionais capacitados para planejar, projetar, executar e fiscalizar sistemas de telecomunicações. Essas atribuições estão previstas nos artigos 1º ‘b’, 7º e 27 ‘f’ da Lei Federal nº 5.194/1966, juntamente com o artigo 9º da Resolução CONFEA nº 218/1973. A formação técnica em telecomunicações exige conhecimentos em áreas como Análise Espectral, Eletromagnetismo e Teoria Estatística das Comunicações, competências indispensáveis para que os engenheiros compreendam as especificidades da transmissão e recepção de dados. A presença de profissionais com essa qualificação no Conselho Diretor é fundamental para que as decisões da ANATEL também contemplem a viabilidade técnica.

Engenheiros habilitados para atuar em telecomunicações possuem conhecimentos avançados em matemática, essenciais para a complexidade dos sistemas de comunicação. A Análise Espectral, baseada na Transformada de Fourier, é crucial para a decomposição e análise do espectro de frequências. O Eletromagnetismo, com aplicação da Equação de Helmholtz, é fundamental para a compreensão da propagação de ondas eletromagnéticas, base da comunicação de dados. A Teoria Estatística das Comunicações, ancorada na Teoria da Probabilidade e em Processos Estocásticos, permite modelar e prever o comportamento dos sinais em ambientes ruidosos, além de dimensionar o tráfego. Essas competências ressaltam a qualificação técnica dos engenheiros para desenvolver, gerenciar e otimizar sistemas de comunicação.

A formação e experiência do Eng. Eletric. Vinicius Caram reforçam a importância de um engenheiro no Conselho da ANATEL. Com especializações em Gestão em Telecomunicações pela UNB e em Governança e Controle da Regulação em Infraestrutura pela ENAP, além de ser Mestre em Engenharia Elétrica pela UNB, onde defendeu a dissertação Gerenciamento e Otimização do Espectro de Freqüências para Rede Móvel com Múltiplas Tecnologias em mesma Banda, Caram traz uma bagagem sólida, que inclui experiência docente e 13 anos como Consultor em Engenharia de Telecomunicações antes de seu ingresso na ANATEL como servidor em 2011. Sua comunicação clara e seu pensamento crítico são qualidades que promovem uma interação fluida com o corpo técnico, fortalecendo uma governança mais integrada.

Essa convocação temporária fortalece a ANATEL tecnicamente, oferecendo uma base sólida para decisões regulatórias e promovendo uma governança mais pragmática para o setor de telecomunicações. No futuro, espera-se que o governo federal, ao nomear conselheiros permanentes, valorize não apenas a formação técnica e a experiência profissional, mas também a importância dos servidores públicos no exercício de funções regulatórias, integrando expertises complementares, como a econômica e a técnica.

A nomeação do Eng. Eletric. Vinicius Caram, como servidor concursado da ANATEL com formação em engenharia elétrica, representaria uma sinalização positiva de valorização desses profissionais, reforçando a presença de uma perspectiva técnica indispensável para a tomada de decisões em telecomunicações. Essa escolha destacaria o compromisso do governo com os critérios de reputação ilibada, formação universitária e competência técnica, conforme o artigo 23 da Lei Geral de Telecomunicações, e reafirmaria a importância de incluir engenheiros em funções-chave da estrutura regulatória, complementando outras expertises já presentes na agência.

Fontes:

[1]https://telesintese.com.br/caram-e-albuquerque-assumem-conselho-da-anatel-a-partir-desta-terca/

[2]https://www.gov.br/anatel/pt-br/composicao/superintendencias/superintendencia-de-outorga-e-recursos-a-prestacao/vinicius-oliveira-caram-guimaraes

[3]https://www.gov.br/anatel/pt-br/composicao/superintendencias/superintendencia-de-administracao-e-financas/daniel-martins-dalbuquerque

[4]Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/4898086289455446

[5] https://telesintese.com.br/5g-aneel-e-anatel-expoem-desafios-na-regulamentacao-da-infraestrutura/

[6]https://telesintese.com.br/sobra-espectro-em-quase-todas-as-cidades-do-brasil/

[7]https://set.org.br/set-news/cafe-com-sor-o-papel-da-set-e-aproximar-o-setor/

[8] https://www.jornalopcao.com.br/ultimas-noticias/cobertura-do-5g-em-goiania-deve-igualar-a-do-4g-ate-2025-diz-superintendente-da-anatel-516489/

[9] https://www.gov.br/anatel/pt-br/assuntos/noticias/cafe-com-sor-discute-tv-3-0-e-a-importancia-do-radio-nas-comunicacoes

[10] Lei Federal nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966

[11] Lei Federal nº 9.472, de 16 de julho de 1997

 

Eng. Eletric. Rogerio Moreira Lima
Diretor de Inovação da ABTELECOM
Diretor Regional Maranhão da ABTELECOM
Membro Cadeira nº 54 da AMC
1º Secretário da ABEE-MA
Coord. da C.E.E.E./CREA-MA
Professor da UEMA

 

Agências Reguladoras na Proteção do Interesse Público

Autonomia Técnica e Atuação Estratégica das Agências Reguladoras e do Sistema CONFEA CREA MÚTUA na Proteção do Interesse Público

A autonomia técnica das agências reguladoras e dos conselhos de fiscalização profissional, como o Sistema CONFEA/CREA/Mútua, é fundamental para proteger o interesse público no Brasil. Essas instituições garantem a qualidade e a segurança dos serviços prestados, baseando-se em critérios objetivos e técnicos, sem influências políticas. O Sistema CONFEA/CREA regulamenta, verifica, controla e fiscaliza o exercício profissional nas áreas de engenharia, agronomia e geociências com a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) de cada profissional vital para garantir a rastreabilidade de suas atividades. A Mútua, por sua vez, oferece suporte assistencial opcional aos registrados, incluindo benefícios como apoio nas áreas de saúde e capacitação.

As agências reguladoras desempenham papéis estratégicos em setores como saúde (ANS), energia elétrica (Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL), telecomunicações (Anatel), transportes (ANTT) e aviação civil (ANAC). Nessas agências, suas decisões são respaldadas por técnicos altamente qualificados, especializados nas áreas de suas competências, assegurando que o interesse público seja protegido através de maior eficiência e segurança dos serviços. No entanto, há uma carência de diretores com formação técnica nessas instituições, o que deve ser observado. Entre as exceções de destaque estão o Engenheiro Eletricista Sandoval Feitosa, presidente da ANEEL, o Engenheiro Civil Rafael Vítola, da ANTT, a Geóloga Ana Carolina Argolo, da ANA, o Engenheiro Agrícola Marco José Melo Viana, da ANTT, a Engenheira Química Symone Araújo, da ANP, a Engenheira Eletricista Mariana Oliveira Caixeta Aldaz, da ANAC, e o Engenheiro Eletricista Marco Antônio Chamon, da ANEEL, a presença de profissionais técnicos nas lideranças dessas agências fortalece a coerência e consistência técnica das decisões regulatórias.

Conflitos recentes entre o governo e as agências reguladoras, como os enfrentados pela ANVISA (2022) e ANEEL (2024), demonstram a necessidade de preservar a autonomia dessas instituições. Entre 2019 e 2021, testemunhamos a ANEEL em sua defesa intransigente de áreas de fiscalização, o que reforça a importância de manter sua autonomia frente a pressões políticas.

Por fim, o autor sinaliza que muitos conselhos profissionais passaram por um processo rigoroso, com diversas administrações sendo acusadas de irregularidades no exercício de competência. A ABET (Accreditation Board for Engineering and Technology) exige de cursos de Engenharia que promovam a formação de alunos com as melhores práticas, alinhando seus objetivos com as necessidades da sociedade em diversos países.

Conselhos profissionais de engenharia devem garantir que engenheiros de diferentes disciplinas atendam aos padrões nacionais e internacionais.

ROGERIO MOREIRA LIMA
Eng. Eletric. CREA-MA, UEMA, AMC, ABTELECOM e ABEE-MA

 

Fonte: O Imparcial

Lig16 se Consolida no Setor de Telecomunicações como Empresa de Referência e Associada à ABTELECOM

A Lig16, empresa maranhense especializada em serviços de Tecnologia da Informação (cloud computing e HCI) e telecomunicações, é associada à ABTELECOM, foi destaque em uma recente matéria publicada no portal Imirante com o título “INATEL: Vale do Silício Brasileiro e a Contribuição dos Egressos no Maranhão”. A reportagem destacou o importante papel da Lig16 no mercado corporativo, tanto local quanto nacional, com foco em serviços de Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) e Serviço de Comunicação Multimídia (SCM). Mantendo elevados padrões técnicos e regulatórios, a Lig16 se consolidou como uma das principais empresas no mercado B2B, contribuindo significativamente para o desenvolvimento das telecomunicações no Maranhão e em outras regiões do Brasil.

A ABTELECOM (Associação Brasileira de Telecomunicações), fundada em 1947, é a mais antiga associação nacional na área de telecomunicações no Brasil. Ao longo de suas décadas de atuação, a ABTELECOM desempenhou um papel crucial no desenvolvimento do setor de telecomunicações no país. A associação tem se dedicado a promover e fortalecer as relações no ramo das telecomunicações, acompanhando e influenciando as profundas transformações institucionais e legais que moldaram o setor.

A ABTELECOM repassa os padrões técnicos e melhores práticas aos seus associados, como a Lig16, através de diversas iniciativas. A associação realiza lives e mantém uma interlocução contínua com o setor regulatório das telecomunicações, como ANATEL e CONFEA. Essas interações proporcionam aos associados atualizações sobre as últimas tendências, regulamentações e inovações tecnológicas, além de permitir a troca de informações e a adoção de melhores práticas no setor.

No mercado empresarial de telecomunicações (B2B), a Lig16 oferece soluções como internet dedicada, redes privadas, telefonia fixa e móvel (incluindo VoIP), além de serviços em nuvem e segurança cibernética. A empresa também propõe soluções de plataformas de comunicação unificada e tecnologias de IoT e M2M para automação e eficiência. Esses serviços visam melhorar a produtividade e garantir a segurança e conectividade das organizações.

O Governo Federal anunciou um investimento total de R$ 186,6 bilhões em Indústria 4.0 durante a cerimônia do Programa Nova Indústria Brasil (NIB), realizada em Brasília nesta quarta-feira, 11. O aporte financeiro abrange a Missão 4 do programa, que visa impulsionar a revolução digital no país, aumentar a competitividade do setor, gerar empregos mais qualificados e proporcionar maior renda. O investimento será direcionado para diversos setores com destaque para: instalação de data centers e computação em nuvem, otimização de processos industriais e telecomunicação. O objetivo é fortalecer as cadeias produtivas de semicondutores e robôs industriais, além de produtos e serviços avançados. A iniciativa inclui ações para ampliar o desenvolvimento de áreas como internet das coisas (IoT), inteligência artificial (IA) e Big Data. Empresas com o perfil das associadas da ABTELECOM, como a Lig16 no Maranhão, terão grande importância no processo de transformação digital das indústrias brasileiras.

Maurício Machado de Oliveira, engenheiro eletricista e diretor executivo da Lig16, destacou a importância da associação com a ABTELECOM para o crescimento da empresa e do setor como um todo. “Ser associado à ABTELECOM nos permite estar em sintonia com as melhores práticas do mercado e ter acesso a inovações que nos ajudam a manter a qualidade de nossos serviços. Isso é essencial para nos mantermos competitivos e preparados para os desafios futuros”, afirmou.

A matéria também enfatizou a importância do INATEL na formação de profissionais altamente qualificados, como o próprio Maurício Machado, que atribui grande parte de seu sucesso à formação recebida na instituição. Além disso, ele expressou sua gratidão às parcerias locais, incluindo associações e figuras históricas de Santa Rita do Sapucaí, que contribuíram para a criação de um ecossistema de inovação essencial ao desenvolvimento do setor de telecomunicações no Brasil.

Com mais de 20 anos de atuação no Maranhão, a Lig16 tem se destacado pela inovação e pela contribuição ao desenvolvimento tecnológico, consolidando-se como referência na prestação de serviços de telecomunicações no mercado B2B.

Fontes:

[1] INATEL: Vale do Silício Brasileiro e a Contribuição dos Egressos no Maranhão. Portal Imirante, disponível em https://imirante.com/noticias/sao-luis/2024/09/09/inatel-vale-do-silicio-brasileiro-e-a-contribuicao-dos-egressos-no-maranhao