Iniciativa de fôlego no registro da memoria nacional – Coleções Pensadores do Brasil
SENHORES… Observem com atenção, meus caros amigos, o sorriso de satisfação desse homem vestido de branco. Eduardo Villas Bôas, este é seu nome, desde Cadete vinha conversando com um punhado de colegas sobre a construção de um projeto estratégico de Nação. Não sabiam na ocasião exatamente como, é óbvio, mas havia esse desejo coletivo, ainda que difuso.
Nesta segunda-feira 21, quase 50 anos depois, o General Villas Bôas lança em Brasília um dos maiores e mais ousados empreendimentos editoriais da nossa história — as Coleções Pensadores do Brasil, que têm por objetivo a pesquisa, publicação e difusão das 200 obras mais representativas produzidas nos últimos 200 anos, como parte das celebrações pelo Bicentenário da Independência.
A meta é a edição de 20 coleções integradas de obras-referência, com temáticas seminais distintas que buscam compreender, por meio de seus melhores intérpretes, a formação da Nação e do Povo Brasileiro, fortalecer a identidade nacional, a democracia representativa e, sobretudo, fundamentar um projeto estratégico de desenvolvimento social e econômico.
O projeto é inspirado em dois empreendimentos editoriais históricos relevantes. O primeiro é a Coleção Brasiliana, da Companhia Editora Nacional, de Monteiro Lobato, que lançou 415 obras sobre o Brasil a partir da década de 1930. Outro, a Coleção Humanidades, da Editora Universidade de Brasília, que na década de 1980 publicou mais de 300 obras referência sobre Filosofia e Política, assim como alguns dos melhores autores brasileiros contemporâneos nos campos das Ciências Humanas.
Seria este um projeto de cunho político? Sim, obviamente. Pois tal qual o Tenentismo e o Movimento Antropofágico da Semana de Arte Moderna, ambos deflagrados em 1922, ano do Centenário da Independência, as Coleções Pensadores do Brasil partem do princípio de que existe uma nação que precisa ser compreendida, uma Cultura Nacional que precisa ser desvelada e um povo cujos corações precisam ser reconquistados.
Seria um projeto com coloração ideológica? Longe disso, pois pretende redescobrir Golbery mas também Darcy, Gilberto Freyre e Cândido Rondon, Celso Furtado e Roberto Campos, cada qual em seu próprio tempo. Mas se apresenta como um projeto essencialmente nacionalista, posto que tem por objetivo pesquisar, editar e difundir os fundamentos clássicos da Nação por meio de seus principais intérpretes.
As coleções fazem parte de um todo maior, um Projeto Estratégico de Nação, que Villas Bôas está preparando no instituto que fundou e batizou com seu nome. VB, como os amigos o tratam, teve a sabedoria de arregimentar um grupo de militares estudiosos do pensamento estratégico, todos generais, e ajuntá-los a intelectuais reconhecidos pela Academia, todos professores-doutores.
Entre os militares, seu antigo comandante e mestre que o iniciou nas artes da estratégia e da geopolítica, o General Alberto Mendes Cardoso, que foi ministro da Casa Militar (depois GSI) de Fernando Henrique, por oito anos; e o General Marco Aurélio Vieira, seu contemporâneo que, desde Cadete, também vinha pensando em um projeto de nação fundamentado na Educação e na Cultura, hoje como presidente do Instituto e comandante desse empreendimento.
Entre os intelectuais, os professores Ronaldo Poletti, presidente do Instituto Histórico e Geográfico do DF, e o embaixador Carlos Henrique Cardim, que na década de 1980 foi o idealizador e editor da Coleção Humanidades, da UnB. Ainda no grupo, professores com viés de executivos, como Antônio Flavio Testa e Marcos Vinícius Rodrigues, da FGV. Intelectuais, militares e civis unidos em torno de um nobre objetivo. A meta é publicar uma média de três livros por semana, a partir de fevereiro de 2021.
Por Gen Marco Aurélio