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Sistema AFC vai permitir uso mais eficiente da faixa de 6 GHz, defende Abrint

Colocada em consulta pública no final de novembro do ano passado, a proposta da Anatel de uso não licenciado em ambientes externos da faixa de 6 GHz é acertada, na opinião da conselheira da Associação Brasileira de Provedores de Internet (Abrint), Cristiane Sanches. Em entrevista ao TELETIME, ela considera que, embora não haja ainda uma plataforma de coordenação automatizada de frequência (AFC, na sigla em inglês), a perspectiva de uso mais eficiente do espectro acaba sendo mais benéfica.

Sanches vê com bons olhos o fato de a Anatel ter, de certa forma, se antecipado à discussão com a tomada de subsídios logo após ter aprovado a destinação da capacidade de 1.200 MHz para o uso não licenciado. “A proposta veio bastante ampla, tem perguntas sobre qual seria a empresa que pode prover o sistema do AFC e a solução, e até detalhe técnico mesmo”, coloca. Sobretudo, diz, reforça a importância de manter toda a faixa de 6 GHz para serviços como o WiFi 6E ou WiFi 7.

A proposta da agência prevê a criação de um agente que possa ser responsável pela plataforma do AFC. Essa entidade poderia ter representantes da indústria. “Pode ser uma entidade neutra, como uma ABR Telecom, por exemplo, que provê uma solução com preço mais viável para todo mundo poder fazer uso”, diz, citando a entidade que cuida da portabilidade numérica.

Cristiane Sanches, conselheira da Abrint

Cristiane Sanches, conselheira da Abrint

O sistema ainda permite um aproveitamento melhor de espectro, segundo a conselheira da Abrint. Isso porque o AFC analisa as frequências disponíveis e as disponibiliza no local. “Quando se pensa que são 1.200 MHz, com canais de 320 MHz, isso é muita coisa disponível.”

“A realidade de falta de uso e uso ineficiente acontece no mundo todo”, diz Sanches, ressaltando que há outros sistemas semelhantes, mas não um AFC propriamente dito ainda. “Mas a tendência é ocupar melhor as faixas [com o sistema AFC], e então se resolve o problema da ineficiência. Com um único sistema, consegue-se monitorar, controlar, saber se o uso está eficiente e pode melhorar o banco de dados das estações cadastradas.”

Essa utilização da faixa de 6 GHz de forma não licenciada é importante para a Abrint porque pode ser o meio para fornecimento de Internet de alta capacidade, mas sem os custos envolvendo o 5G. Ou seja, seria uma espécie de substituto para os links de rádio, que atualmente já são mais raros entre os provedores regionais. A conselheira diz que o uso externo da frequência representaria uma democratização do WiFi para provedores e usuários.

Ecossistema e mercado

O uso outdoor já teria disponíveis 850 MHz, segundo Cristiane Sanches, o que ela é considera ser já bastante para o uso imediato outdoor. Ela lembra ainda que o problema da falta de ecossistema está sendo sanado, especialmente na indústria, que estaria adotando o WiFi 6E em ritmo até mais rápido do que foi com a faixa de 5 GHz no WiFi, segundo dados da Citel. E os preços deverão cair, tanto para provedores quanto para usuários finais.

Para que isso aconteça, a oferta e a demanda precisam estar em sincronia. “A gente precisa de tempo para tornar mais acessível, mas acredito que vai ser mais rápido”, argumenta. “A partir do momento em que se tem segurança que os 1.200 MHz estão sendo para uso não licenciado, se tem a garantia e o mercado esquenta. As discussões ao longo deste ano vão no sentido de assegurar isso.”

Sanches não acredita que neste momento, e em preparação para a próxima conferência mundial de radiocomunicações (WRC-23, que acontece em novembro em Dubai, nos Emirados Árabes), há risco de o Brasil repensar a destinação da faixa de 6 GHz. Ela explica que, por exemplo, nos Estados Unidos não há destinação para uso licenciado como o serviço móvel pessoal. E que a delegação brasileira, liderada pela Anatel, vai trazer fortes argumentos para manter o espectro para aplicações como WiFi, até por conta do mercado de banda larga fixa ser tão competitivo. “O Brasil tem posição muito mais confortável do que os outros países”, diz.

consulta pública nº 79, sobre a faixa de 6 GHz, ficará aberta até o dia 24 deste mês e pode ser acessada na página do sistema Participa Anatel.

Fonte: Teletime

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