Drex será o nome do real digital para os usuários, divulga o Banco Central
Por Claudia Mancini
O Banco Central (BC) divulgou hoje (7) que o real digital terá o nome de Drex (Digital Real Electronic Transaction). O Drex será a parte do sistema que aparecerá para o usuário final, ou seja, da plataforma e do token de varejo. Assim, os reais tokenizados, que “circularão” para os clientes dos bancos. Portanto, vão seguir a mesma linha do que que acontece hoje, quando alguém tem um valor na conta e que é o real. Se uma pessoa ou empresa tem um depósito de real tokenizado num determinado banco, terá esse valor em Drex na conta, de acordo com Fabio Araújo, coordenador da iniciativa da nova versão da moeda nacional.
Em relação à versão digital do real que vai circular no atacado, ainda não há uma posição oficial do Banco Central sobre o tema. Essa versão será usada para operações entre o BC e instituições financeiras e grandes empresas. O Drex começa a chegar aos usuários por volta do final de 2024.
Os bancos, reforçou o Banco Central, não poderão emprestar o Drex a terceiros, como acontece com o real físico. Além disso, não terá rendimento automático. Mas pode haver troca do Drex por cédulas da moeda. O BC é quem fará a custódia.
Drex não terá rendimento automático
Assim como o Pix, o sistema de pagamentos instantâneo, o Drex também tem um “x” para chamar de seu. Segundo o banco, a letra passa a ideia de modernidade e de conexão. A tipografia e elementos gráficos da marca remetem ao universo digital. E o uso das cores, que passam de azul para verde claro, fazem referência a “transação concluída”.
Num webinar sobre o real digital hoje, Araujo voltou a afirmar o que é a visão do BC: a de que o real digital é atraente para realização de pagamentos, algo que ainda não é prioridade entre quem usa criptomoedas. Não é prioridade, mas está em alta.
Na falta das moedas oficiais criptografadas as pessoas usam cripto, afirmou Araujo. Mas, quando se oferecem plataforma regulada, com atores conhecidos, usar a moeda nacional é mais vantajoso, completou. As pessoas que têm comprado criptos “estão mais interessadas na variação de preços do que em usar para fazer pagamentos. Com o real não, as pessoas recebem em real e pagam aluguel em real”, exemplificou.
Araujo afirmou ainda que o custo de uso da plataforma do Drex é sempre associado a um serviço financeiro. “Parece que o custo vai ser muito mais barato do que a gente tem disponível atualmente”, completou. Ao usar uma plataforma de tecnologia de registro distribuído (DLT), o processo contará com automatização, uso de contratos inteligentes (smart contracts). Assim, poderá haver a dispensa de certos profissionais nas operações, mas sim o uso de códigos. “Depois que desenvolveu o smart contrato, o próximo custo dele é zero para uso”.
Uso deve crescer com digitalização
Aristides Cavalcante, chefe do escritório de inovação e segurança cibernética do Banco Central, lembrou que a plataforma da versão digital do real permitirá operações com contratos inteligentes e, portanto, com ativos tokenizados. E tudo isso conversa com o Drex. Um exemplo é a venda de um automóvel, em que se incorporam os dados da posse do carro e do pagamento ao contrato inteligente. Depois, a operação acontece praticamente em tempo real.
“À mediada que a economia avança e se torna mais digital com tokenização como de imóveis, músicas, a plataforma do real digital permitirá que o setor privado faça essas trocas de formas mais eficiente e mais barata”, afirmou Cavalcante.
Uma das quedas de custo das operações vêm do custo menor de recuperação de garantias. Se estão registradas em DLT ou blockchain, pode haver maior certeza de onde estão e a quem pertencem. Além disso, em relação a investimentos, espera-se que haja uma variedade maior do que os que existem hoje. Assim, ao abrir o aplicativo do banco, o usuário poderá escolher que tipo de investimento quer e tudo isso ainda vai “conversar” com o open finance, disse Araujo.
O piloto da versão digital do real é em Hyperledger Besu. Os consórcios que participam do piloto estão se integrando à plataforma do Banco Central.
No início do webinar, Cavalcante, como já havia feito Araujo em outra ocasião, defendeu o movimento dos funcionários do BC para contratação de mais funcionários por meio de concurso. Dessa forma, o BC pode continuar atraindo profissionais qualificados. E lembrou que se há inovação na instituição, é por conta da dedicação de seus especialistas. O último concurso foi em 2013.
Os funcionários também têm reivindicado reestruturação da carreira e a criação de um bônus de produtividade semelhante ao dos auditores da Receita Federal. A categoria também pede isonomia entre os economistas e os procuradores. Segundo eles, procuradores recebem mais que os economistas no fim da carreira porque os advogados têm honorários incorporados à remuneração.
Fonte: Blocknews