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ESG veio para ficar, avaliam teles e agentes do mercado financeiro

Operadoras de telecom e agentes do mercado financeiro presentes no Telecom ESG – evento promovido em São Paulo nesta quarta-feira, 29, por TELETIME – foram unânimes ao avaliar que a importância da agenda de governança ambiental, social e corporativa (ESG) nos negócios não é um modismo – mas sim uma tendência que veio para ficar, com grandes implicações para a cadeia de telecomunicações.

“Essa não é uma demanda passageira”, indicou a analista de ESG da XP Investimentos, Luiza Aguiar, em debate ao lado das operadoras Vivo, TIM e Claro. Na ocasião, ela apontou que o aspecto social é, talvez o mais observado na cadeia por investidores quando se fala do mercado de telecomunicções, o que não quer dizer que outros itens, como sustentabilidade, não sejam relevantes. Essa ponderação varia de setor para setor, explica ela. Já o diretor de financiamento do BNDES, Carlos Azen, lembrou que o segmento é transversal para o ESG em outros setores, ao habilitar digitalização para eficiência de recursos.

VP de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Vivo, Renato Gasparetto afirmou que na medida em que o ESG se torna mais parte do negócio do que uma pauta puramente reputacional, iniciativas das empresas têm se tornado mais completas e auditadas. Para o executivo, a abordagem “não é um espasmo” e deve alcançar novos patamares nos próximos anos.

Gasparetto reportou interesse considerável de investidores – seja nos bonds com metas de sustentabilidade e sociais emitidos pela empresa em 2021 quanto em avanços na estratégia de diversidade da Vivo. No âmbito ambiental, a empresa ainda reiterou que deve adiantar a meta de redução de 90% das emissões próprias de CO2 até 2030, uma vez que já registra um recuo de 80%.

VP de relações institucionais e regulatórias da TIM, Mario Girasole também apontou o aumento de escopo do ESG – que antes seria focado em corrigir externalidades negativas, mas que agora é responsável também por antecipá-las.

Hoje, avanços são comemorados pela TIM na área ambiental, com cerca de 100 usinas para geração distribuída. A empresa também realizou uma emissão bem-sucedida de bonds ESG em 2021. Mas Girasole acredita que o setor de telecom deveria se aproveitar mais das possibilidades trazidas. O executivo mostrou interesse, por exemplo, na abordagem da Anatel de adotar diretrizes da agenda ESG na regulação setorial.

Na busca por materialidade nas iniciativas ESG, também é considerada importante a perspectiva de que regulações – seja do governo federal, da CVM ou internacionais – resultem em maior transparência e padronização de dados reportados, sobretudo a partir de 2025, avaliou Luiza Aguiar, da XP.

Retorno positivo

Pela Claro, o diretor de tesouraria, Dario Balesdent, indicou que a empresa acredita ser possível combinar impacto ESG e retorno financeiro (VPL positivo) em projetos ESG, sobretudo a depender da escala e dos incentivos. O executivo também destacou a pujança de iniciativas ambientais da cadeia, como o programa de geração distribuída da Claro, que conta com mais de 90 usinas, mas avaliou que ainda haveria espaço para que a agenda ESG abrisse possibilidade para taxas de juros mais atrativas, o que ainda não acontece.

O diretor da Claro notou que agentes financeiros não estão dispostos a abrir mão de prêmios por conta de selos verdes das empresas. O que o executivo acredita são custos de financiamento ainda mais altos que taxas de mercado para quem não adotar o ESG, na medida em que a abordagem se consolida. Balesdent também lembrou abalo na confiança do mercado após o escândalo de governança corporativa nas Americanas, no começo do ano.

Da XP Investimentos, Luiza Aguiar notou que títulos associados à metas de sustentabilidade tiveram seu ápice justamente em 2021, com recuo em 2022 e recuperação em 2023, mas não para os mesmos patamares de dois anos atrás. A analista de ESG avalia que 2024 deve ser um ano de recuperação neste sentido.

Fust é ESG

Uma nova opção de financiamento para telecom completamente aderente com abordagem ambiental e social seria o Fust, destacou Carlos Azen, do BNDES.

O profissional notou que o banco público de fomento é ESG em sua essência e que a disponibilização de linhas baseadas no fundo setorial de telecom deve ampliar as alternativas, com foco em projetos em escolas e localidades sem cobertura. Até o momento, já são três projetos do Fust aprovados, sendo o último da Unifique.

A coordenadora da mesa, Marise de Luca, consultora e conselheira de empresas com propósito ESG, ponderou que um dos grandes desafios do setor ainda é conseguir olhar o E da sigla ESG não apenas como sustentabilidade ambiental (Environment), mas também como “Eu”, no sentido das ações que cada empresa pode, individualmente assumir como causa e propósito. “Vemos ainda muitas empresas atuando em ESG por constrangimento ou por compliance, mas poucas ainda por convicção”, disse ela.

 

Fonte: Teletine

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