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Novos modelos de negócios procuram democratizar acesso via Wi-Fi

A digitalização e a necessidade de reduzir o gap digital na população mundial tem acelerado a importância de uso democrático das redes, em especial pelo Wi-Fi. As operadoras de conectividade têm apostado em desenvolver novos modelos de negócios que tragam o acesso democrático às redes e obtendo lucros.

O Mobile Time conversou recentemente com dois projetos (Nomad Wi-Fi e Investools) que possuem esse cunho social do Wi-Fi por trás das suas estratégias de conectividade, desenvolvimento de redes e negócios. Além de ouvir a Qualcomm para entender a viabilidade comercial dessas iniciativas, ante os avanços da tecnologia e as necessidades de usuários e empresas.

Cenário

Com 2,2 bilhões da população sem acesso à Internet, segundo a Unicef, diminuir o gap digital se torna vital, em especial com a aceleração da digitalização em educação a partir da pandemia do novo coronavírus. Ainda de acordo com a Unicef, ao mesmo tempo que 90% dos ministérios da Educação adotaram projetos digitais ao redor do mundo, 617 milhões de crianças falharam em ter o mínimo de proficiência em matemática e leitura.

Blockchain

Um dos exemplos para combater a lacuna é o projeto Giga, uma iniciativa da Unicef junto à ITU para levar conexão às escolas de todo mundo. Recentemente, a startup carioca Investools foi uma das escolhidas para um projeto piloto do Giga na América Latina. Após meio ano de avaliações e disputa direta com mais de 350 empresas do mundo tudo, a Investools ganhou a chancela da organização e recebeu US$ 100 mil para desenvolver os testes.

A companhia criará uma rede baseada em blockchain e smartcontracts para levar conectividade às escolas brasileiras por meio de acordos entre ISPs e secretarias de Educação pelo Brasil afora. Por meio de um marketplace, o ISP escolhe a escola que deseja conectar, em contrapartida, a operadora recebe benefícios da Unicef e tokens que podem ser trocados por produtos para sua operação, como veiculação em grandes mídias.

“O marketplace ainda vai ser desenvolvido. O caso que temos hoje é o Gov.Token, no qual nos baseamos para o projeto do Giga Token”, disse. O mapeamento das escolas que precisam de conectividade é baseado no Nic.br. “A tecnologia (fibra, rede Wi-Fi, 5G com FWA) tanto faz. Não temos restrição da tecnologia de conectividade. O grande fator é a forma como a conectividade é entregue”, disse David Gibbin, CEO e fundador da Investools.

“O diferencial nosso é a expertise em Blockchain e entregar projetos públicos, mais a experiência do mercado financeiro”, completou, ao lembrar que sua empresa trabalha em outras frentes, como o BNDES Token. “Ao mesmo tempo que entregamos a tecnologia, conseguimos dar um retorno social e ter um impacto relevante”, finalizou.

Wi-Fi público em todo lugar

Em outro modelo de Wi-Fi público, a Akross planeja uma rede Wi-Fi em parceria com operadoras e ISPs. Batizada como Nomad Wi-Fi, a ideia é utilizar os pontos de redes de clientes comerciais de provedores de conectividade para criar uma segunda camada no equipamento (SSID) e com ela criar uma rede sem fio para o público.

“Tem um modelo freemium baseado em vários formatos como adbase, revenue share, subscription e voucher. Nós queremos conectar todo mundo em todo lugar e todo momento”, disse Roman Romancini, CEO da Akross. “O que falta é somar as pecinhas e conectá-las. Pegar dinheiro de fundos para abrir o Wi-Fi. Esse é o nosso papel”, completou.

Romancini compara a criação dessa rede pública da Akross com o movimento que as redes neutras trouxeram ao mercado, de “coopetição” entre os players do mercado. E enfatizou que a ideia não é ser um rival das redes móveis, mas um complemento.

Complementos e sinergias

Hamilton Mattias, diretor de produtos da Qualcomm, também acredita que a rede Wi-Fi é um complemento da rede móvel. Inclusive para adoção em meios públicos e objetivos sociais, como escolas, sendo que a rede Wi-Fi é conectada a fibra ótica, por exemplo. Contudo, cada tecnologia uma tem uma aplicação certa.

“As tecnologias são complementares. Não tem um único propósito. Fibra e 5G, cada uma tem seu espaço. A questão de distância é para cobertura mais restrita, 5G é WAN e Wi-Fi é LAN. Se você tem uma densidade grande em uma cidade, vale a pena colocar fibra ótica e Wi-Fi. Se a densidade é baixa, não vale o Wi-Fi, aí entra o FWA”, explicou Mattias. “Outro exemplo, no Carnaval ou Loopalooza, o ideal é o uso do FWA. E quando você precisa de um backup por causa de rompimento de fibra, o 5G serve para isso”, exemplificou.

Por outro lado, o executivo da Qualcomm não vê grandes mudanças nos modelos de negócios, mesmo ao falar de Wi-Fi com cunho social. Deu como exemplo o roaming em Wi-Fi e os modelos freemium, com troca de publicidade (vídeo, serviços pagos, fees pagos, retenção de clientes) em troca de acesso à rede: “Tem inúmeros modelos de negócios permitidos no Wi-Fi. Mas não veremos nada disruptivo. O ponto principal é que sempre terá a tecnologia”, complementou.

Fonte : Mobile Time

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